sábado, 31 de janeiro de 2009

VIVENDO E APRENDENDO

Jesus disse: entendam o que está diante dos vossos olhos, porque então, o que havia permanecido escondido vos será revelado, uma vez que nada existe escondido que não deva ser revelado.
Evangelho de Tomé

As estatísticas sanitárias demonstram que depois dos 55 anos as pessoas começam a sofrer de inúmeras enfermidades, muitas delas crônicas como a arteriosclerose, mal de Alzheimer e, além das demais, as que foram até aqui esmiuçadas. Para tentar se livrarem delas, ou para lhe minimizar os efeitos, passam então a utilizar cada vez mais freqüentemente os serviços médicos. Esta realidade os coloca diante de algumas situações que chocam: ter que conviver com as moléstias que os agridem, suportar o custeio das drogas que prometem combatê-las e, ainda, engolir seus efeitos colaterais e demais distúrbios causados pelo excesso de medicação. Há outros componentes, porém, que integram este coquetel malévolo: o ar poluído que diariamente é respirado, os elementos cancerígenos da fumaça do cigarro que direta ou indiretamente é tragada, os alimentos inadequados que são ingeridos (com ênfase os industrializados que contem produtos não naturais para conservá-los) e os demais excessos sem entrar no mérito dos vícios que causam dependência. Sim, um quadro que dificulta sobremaneira as últimas décadas da vida dos incautos.
Deste cenário, poucos conseguem se excluir, e é por esta razão que, os que nos conhecem, desabafam: você é um cara de sorte, nunca fica doente!
Costumamos responder: à saúde não cai do céu, tem que se lutar por ela tem que ser conquistada, adquirida, como tudo o que se deseja possuir. Ela exige investimentos diários, investimentos estes que poucas pessoas se predispõem a fazer mesmo quando a sua saúde começa a sinalizar que alguma coisa já não vai tão bem.
A vida, no entanto, é pródiga em lições, mas só uma pequena minoria consegue assimilá-las e transformá-las em aprendizado.
Quanto a mim, foram muitas as lições recebidas, mas de cada uma delas, depois de ter atingido a idade da razão, claro, com certeza tirei o máximo proveito, especialmente, como veremos, das que vieram da área medica.
A ultima vez que tive a necessidade de procurar assistência medica foi em meados de 1998. Em verdade precisei fazê-lo porque meu braço esquerdo, depois de ter sido atacado por um cachorro grandalhão da raça akita, estava estraçalhado. No hospital, depois da assepsia, permaneci uma hora e meia sendo costurado - porque segundo o medico de plantão no pronto socorro não havia como evitá-lo. Terminado o atendimento, pediu-me que retornasse diariamente, por 10 dias, para, além de renovar o curativo, me aplicarem uma injeção de Bezetacil.
Imaginem a surpresa quando, no dia seguinte, o medico de plantão no período, me fez um tremendo sermão: como o Sr. deixou que lhe costurassem o braço. Não sabe que mordida de cão ou outro animal é sempre sinônimo de infecções graves? E em relação á raiva, tomou a anti-rábica? As dilacerações devem permanecer abertas para que diariamente sejam higienizadas. O Senhor por acaso quer perder o braço?
Bem, aceitei as muitas ponderações daquele profissional, muitas, porque levou mais de uma hora desfazendo o trabalho que havia sido feito pelo seu colega no dia anterior. Depois daquela lição... Bem, só retornei porque os curativos se faziam necessários.
De origem italiana – Bologna - apesar das heranças da segunda grande guerra, pessoalmente sempre fui atraído pelo esporte: natação, corrida, luta grego Romana, canoagem, mergulho etc. Chega um momento, contudo (acontece com maioria), que outros interesses surgem e são priorizados: o trabalho, amigos, namoradas, lazer, convívio social etc. Em verdade, sem nos darmos conta, terminamos por deixar o esporte de lado e mais tarde, após o casamento, o sedentarismo passa a nos viciar.
A juventude, porém, quando fortalecida pelos exercícios físicos, adia por algum tempo o aparecimento das enfermidades de maior gravidade. No meu caso, algum ano depois do casamento, fui transferido para Fortaleza, Ceará, e me instalei em um apartamento a beira mar ao lado do clube Náutico. No entanto, apesar dos poucos passos para atravessar a rua, só aos domingos ou feriados freqüentava a praia, mesmo assim, sentado no clube embaixo do sol bebendo, fumando e jogando conversa fora.
O trabalho exigia muito: pressão da matriz; competição entre filiais; mercado difícil porque sua órbita girava ao redor das repartições públicas que nesta época necessitavam de 45 dias de receita para pagar 30 de despesa. Área comercial inábil, estoque, faturamento, cobrança e todas as demais atividades que deviam ser administradas para garantir uma boa gestão. Queria ser o melhor.
Havia deixado a megalópole - a confusão paulista - cuja tensão jamais me havia afetado, para uma cidade calma, a beira mar, de clima ameno, isto é, os ingredientes apropriados para uma vida harmonizada e saudável.
Em pouco tempo tinha muitos amigos e passei a freqüentá-los. Resultado: festas, almoços, jantares: lagosta no Náutico, peixada no Expedito e luaradas aos sábados à noite na prainha alem de Aquiraz na casa do Chico, sempre regadas a whisky importado, tira-gosto e violão.

Um ano depois comecei a me sentir desconfortável. Mal estar, flatulência e dores de estômago que em pouco tempo se tornaram insuportáveis, alucinantes mesmo, forçando o medico a me aplicar injeções que me faziam dormir por três dias seguidos. Assustado, procurei um especialista que aconselhou: vai para São Paulo e consulta uma clinica de gastroenterologia, porque, entre as causas que podem estar provocando a dor, há a probabilidade de uma doença cujo nome por si só assusta.
Alguns dias depois, em São Paulo, fui atendido por um medico responsável por um Instituto de gastroenterologia, que, depois de me ouvir longamente disse: quero que esta noite você saia para jantar e “tome todas”. Aqui tem o telefone do meu assistente, se a dor vier, chame-o. Não importa a hora.
Atendida prazerosamente a solicitação, por volta das três horas da madrugada, já na cama, eis que surge a dor. Suave inicialmente e logo depois alucinante. O medico atendeu, conversamos, aplicou uma injeção e agendou uma consulta para o dia seguinte.
Depois de me submeter a uma interminável seção de endoscopia - com a retirada de amostras de suco gástrico de trinta em trinta minutos - o exame terminou. Dois dias depois o diagnóstico: gastrite aguda. A causa: tensão nervosa, desequilíbrio emocional - hoje seria stress - que na medida que se ampliava, conforme havia sido constatado através da analise do suco gástrico, o índice de acidez diminuía até torná-lo incapaz de processar a digestão.
Por que acontece isso, perguntei? Uma das razões é que quando se alimenta não o faz como deve. Ou seja, satisfaz a gula, mas prejudica a saúde. Por outro lado, bebe e fuma demais. Como a digestão não se processa adequadamente, há uma geração de gás anormal que passa a preencher e pressionar as cavidades intestinais e demais regiões adjacentes. O resultado é a dor.
Sua receita limitou-se a pedir calma, sugerindo, ainda, que no fim do dia deixasse os problemas de ordem profissional no cofre da empresa. Não deve levar para o seu lar o que não lhe diz respeito. Mais do que isso, não deve se envolver emocionalmente com o trabalho. Seja profissional, execute a função friamente como eu faço com os meus pacientes, mesmo porque, está é a melhor maneira de trabalhar.
Temos que desempenhar nossa atividade o mais responsavelmente possível, admitindo, porém, com antecipação, que como o resultado também depende de fatores que fogem ao nosso controle, nem sempre é aquele que desejamos.
A prescrição foi um ano sem ingerir bebidas alcoólicas, refrigerantes e fumar no máximo cinco cigarros dia. Ao longo do mesmo período, além disso, a alimentação devia restringir-se a arroz branco supercozido - eventualmente acrescido de caldo de feijão, purê de batata e mingau de maisena. No meio da manhã e da tarde, um chá acompanhado por alguns biscoitos. O único medicamento receitado foram gotas para facilitar a digestão que deviam ser ingeridas em 1/2 copo de água durante as principais refeições.
Após seguir fielmente a prescrição medica por doze meses, “fiz um teste”. A saúde estava perfeita. Duas importantíssimas lições: Evitar excessos quais quer que fossem, enfrentar o que a vida reserva mesmo se contraria as expectativas, e lutar, inclusive com unhas e dentes se fosse o caso, mas sem jamais se envolver emocionalmente ou ficar apoquentado se o resultado alcançado não era o esperado.
Três anos depois retornei a São Paulo. Muito trabalho, mas sem os abusos – as desculpas para relaxar - de outrora. Entretanto, o sedentarismo continuava: levantava pela manhã, sentava para tomar café, levantava para sentar no carro, novamente para sentar na empresa e assim sucessivamente até voltar para casa para mais uma vez sentar, jantar e deitar. A rotina que invalida qualquer atleta.
Alguns anos depois, já na faixa dos 30, a coluna começou a “reclamar”. Como fiz orelhas de mercador ao “seu recado”, uma madrugada acordei com o corpo semiparalisado. No dia seguinte, depois da consulta, o medico pediu 30 exames. Dias depois, com os resultados na mão, o clinico comentou que meu problema era serio: no sangue havia acido em excesso, um componente reumático degenerativo que causava artrose e algumas hérnias de disco. Uma catástrofe para alguém que jamais havia ficado enfermo.
Escreveu um laudo que me pediu para não ler e me encaminhou a um ortopedista de renome. Um medalhão como se costuma dizer.
No dia agendado, trinta minutos antes do horário estabelecido lá estava eu, sentado na sala de espera, entre oito pacientes: cinco mulheres e três homens. Dos oito, ao exame visual, cinco expressavam péssimas condições: estavam literalmente tortos e com poucos movimentos, enquanto os outros três, duas senhoras e um senhor, relativamente jovens, até, aparentemente não tinham nada. Aparentemente, porque logo depois passou um médico que severamente pediu a uma daquelas duas senhoras que retirasse o medalhão que portava no pescoço: eu já lhe disse, Senhora, devemos poupar a sua coluna cervical! Em seguida vieram dois enfermeiros para levantar e levar até à área de fisioterapia aquele senhor que eu julgara que estava ótimo.
Fiquei espantado. Resumindo: até serem atendidos, todos os que haviam chegado antes de mim tiveram que ser auxiliados para se levantarem e irem onde estavam sendo aguardados. Desesperado, prometi a mim mesmo que naquela clinica jamais voltaria, e para isso elaborei um plano.
Quando chegou a minha vez, a enfermeira pediu-me para acompanhá-la, e como o medico no momento estava ausente, solicitou-me para aguardá-lo sentado. Minutos depois ele entrou. Cumprimentou, e pediu que me sentasse na cadeira ao lado. Entendi mais tarde que quis ver como eu me movimentava.
Após ler o laudo que lhe entregara, fez alguns exames e disse: Nada serio, é o resultado do sedentarismo.
Sem entender, devido aos esclarecimentos do primeiro medico, o questionei a respeito. Rindo respondeu: não existe nada disso. O que você tem é algo que não vai resistir a vinte ou trinta seções de fisioterapia na minha clinica. Concluídas, os exercícios físicos que você vai continuar fazendo vai cuidar definitivamente do caso.
Na minha havia um furação de pensamentos, e um deles me alertava sugerindo que eventualmente nenhum dos dois médicos merecia crédito. Logo depois descobri que estava errado.
Colocando em prática o plano que arquitetara, disse: doutor, infelizmente, meu trabalho me impede de fazer isso. Embarco todas as segundas feiras pela manhã para Fortaleza e só retorno na sexta feira à noite. Ele me olhou serio, como se quisesse dizer algo, ma em seguida mudou de idéia e perguntou: em que empresa você trabalha? Após ouvir a resposta perguntou novamente: você conhece o “fulano de tal?” Claro, afirmei. É um dos meus diretores. Ele Joga tênis comigo no Paulistano...Sei como a tua empresa é exigente!
Dito isso sorriu, tirou o jaleco branco e, expondo os músculos do seu físico, disse: meu amigo, você se livrou da fisioterapia, mas se deseja se curar, não escapa de fazê-la nas praias de Fortaleza todas as manhas. Começa a levantar às seis da manhã diariamente e vai á praia para correr. Começa com 30 minutos e aumenta até uma hora ou até mais. Depois disso, mergulha e nada mais meia hora. Se fizer isso em algumas semanas vai se sentir outra pessoa, e em alguns meses - se continuar, vai estar curado. Se não fizer isso, com certeza aqui ou em outro lugar você vai ter que voltar. Agora vai embora e me prometa não contar isso aos meus clientes, pois se o fizer, perco todos eles. Despedi-me agradecido, não só porque sua receita se limitava a indicar exercícios físicos, mas porque me devolvera à certeza de que não estava enfermo.
Comecei a me exercitar no dia seguinte. Levantei as 4:30 da manhã e comecei a correr - em poucos meses corria doze quilômetros diariamente. Logo depois adquiri o titulo de um clube e comecei a nadar. Meses depois nadava três horas a fio todos os sábados e domingos.
Naquela época, depois dos exercícios, do banho, e do café matinal, acendia o primeiro cigarro dos 30 ou 40 que fumava diariamente. Não demorou muito para entender, por mim mesmo, que não adiantava investir na saúde como estava fazendo, se ao fumar colocava tudo a perder. Mais do que isso estava me envenenando.
Esta idéia me preocupou por algum tempo. O resultado foi que parei de fumar mesmo tendo que enfrentar os incômodos reflexos da abstinência. Tive que suportar o “mal-estar” causado pela falta de nicotina por vários meses, e para não fugir da verdade devo dizer que cheguei até quase desmaiar. Mas isso se transformou em um desafio: afinal, quem era mais forte, minha vontade ou a nicotina?
Anos depois tive a confirmação que minha decisão havia sido correta. Uma tarde, de repente, me senti desconfortável. Flatulência, mal estar, irritação: os sintomas típicos de problemas digestivos. Algumas horas e vários chás intercalados com sal de fruita depois, o problema desapareceu. Só que, teimoso, retornou às quatro horas da madrugada seguinte. Diferentemente do dia anterior, porém, não cedeu ao mesmo tratamento. Como meu pessoal estava no sitio, peguei o carro e fui para um centro de atendimento médico. Meia hora depois estava sendo levado para o hospital em uma ambulância: havia sido diagnosticado enfarte. O cardiologista, após confirmar o enfarte através de outros exames, me disse: Vou ter que interná-lo, não na UTI porque você sobreviveu, mas em um apartamento para observação. Após o cateterismo o diagnostico: o ventrículo esquerdo havia se fechado, mas, pelo fato de me exercitar diariamente, o esforço físico forçara o sangue a abrir, na medida em que seu caminho natural se fechava, caminhos alternativos. Cinco dias após recebi alta e dois meses depois deixei de tomar medicamentos.
Voltei a correr, e, consciente que as causas do infarto podiam ter múltiplas raízes: os cigarro fumados, histórico familiar, proteínas animais (gorduras saturadas) e outros itens nocivos ingeridos na alimentação (mesmo se a taxa de colesterol sempre havia se mantido abaixo do mínimo), estabeleci um programa alimentar.
Diariamente três vegetais: uma boa salada colorida e crua, dois legumes cozidos (são os vegetais que destroem a gordura ingerida), uma pequena porção de carne e muita fruta. O leite integral, ainda, foi substituído pelo desnatado, e foram parcialmente eliminados os demais derivados do leite. O alimento industrializado, por sua vez, foi totalmente banido.
A cozinha também teve que se adaptar aos novos costumes: as quatro garrafas de óleo de sementes que mensalmente eram consumidas foram reduzidas a duas, mesmo assim, uma de girassol e outra de azeite virgem.
Hoje, muitos anos depois, todas as manhãs percorro 11 quilômetros em ritmo de marcha acelerada, sucedidos por trinta de musculação e alongamento para manter ativa toda a estrutura muscular. Sem esta disciplina, os músculos se atrofiam e, perdendo a força e a elasticidade, não mais conseguem manter no seu devido lugar à coluna e com ela toda a estrutura óssea.
A esse respeito, vamos repetir aqui o que foi dito pelo Sr. Rogé Lopez, coordenador do Depto. de Musculação e personal trainner da Movement Academia, durante uma entrevista que concedeu a imprensa:
Hoje em dia, muitas pessoas sofrem com dores na coluna - um problema que começa cada vez mais cedo afetando mulheres a partir de vinte e homens a partir dos vinte e cinco anos de idade.
Na maioria dos casos essa patologia está associada ao sedentarismo e, em conseqüência disto, surge à hipotensão postural. O que é isso? A incapacidade de produzir a tensão necessária nos músculos antigravitários, a musculatura responsável pela sustentação do corpo especialmente das costas. Hoje, uma media de 20% das pessoas que entram na academia reclama deste problema.
É um mal que vem crescendo a cada dia, isso porque antigamente éramos obrigados a fazer mais força no nosso dia a dia. Hoje, graças à tecnologia, não precisamos fazer porque as maquinas computadorizadas resolvem nossos problemas cotidianos.
As pessoas realizam suas atividades profissionais paradas ou sentadas e, além disso, com postura errada. Desse modo a tendência é que as pessoas passam a sofrer desta patologia cada vez mais cedo.
As crianças de hoje, também, são diferentes das de antigamente. Elas trocaram as brincadeiras de rua por vídeos games e computadores, começando um estilo de vida sedentário desde cedo. Em outras palavras, não estão criando mais aquele “lastro fisiológico“ (condicionamento desde criança até a fase de crescimento) que no passado se encarregava de dar suporte à sustentação do respectivo peso corporal.
Em sua analise, Rogé explica que estas dores na coluna ocorrem pelo fato de que a musculatura das costas - por estar enfraquecida - deixa que o peso do corpo seja sustentado pela coluna, desse modo, há uma troca de funções, porque a coluna não tem este papel, mas o dar mobilidade ao corpo.
Destarte, quando a auxencia de exercícios físicos colabora para que a musculatura se enrijeça e atrofie precocemente, o resultado é um só. O peso do corpo desaba sobre a coluna vertebral (vértebras cervicais, torácicas, lombares e sacras), e esta sobrecarga, aliada a má postura, faz com que as vértebras, posicionando-se inadequadamente sobre os discos intervertebrais, provoquem inicialmente “gritos” que, como um alarme, informam que se não forem tomadas urgentes providencias, logo adiante poderá haver degenerações ósseas ou hérnias de disco.

Hérnia de disco
O disco intervertebral, quando devido ao excesso de peso que incide sobre a coluna, ou por postura inadequada (sentado ou deitado) sofre pressões, com o tempo se dilata transformando-se em hérnia.
Porque ao deitado? Muitas pessoas ficam horas diante da televisão, e ao longo destas, seja sentados ou deitados no sofá, dificilmente mantem à coluna cervical na postura reta, e assim sendo, mantendo um ou mais discos intervertebrais sob pressões que nos anos transforma-se em hérnias. Há mais. Se considerarmos que mediamente dorme-se 6/7 horas por noite, e se considerarmos ainda que a maioria dorme deitado de lado, portanto sobre um dos ombros, se o travesseiro (pressionado pela cabeça), não tiver a espessura idêntica ao espaço existente entre a ela e a parte externa do ombro, a coluna cervical jamais permanecerá reta.
A coluna cervical, bem como as primeiras vértebras da torácica, se a musculatura que as suportam não for mantida com a elasticidade que lhe é devida através de exercícios físicos constantes, quando os braços são utilizados para a execução de tarefas como passar roupa, lavar louça ou atividades que exijam um empenho semelhante, são agredidas com pressões que no tempo lhe causam degenerações ósseas.
Na foto, a seta vermelha indica a hérnia do disco (à parte dilatada (raiz nervosa) que, ultrapassando a margem do osso vertebral, é pressionada: vide seta verde), provocando por conseguinte dores insuportáveis e até paralisantes.
Quando a Hérnia de disco se desenvolve na coluna cervical, pode se manifestar através de dormência local, dores esporádicas que podem se estender ao ombro, ao braço e até a mão. Nesses casos é típico o formigamento e até inchaço da ponta dos dedos, da mão ou parte dela, acrescido da diminuição da força que se revela através de inesperadas quedas dos objetos que são segurados. Nos casos mais graves se observa a hipotrofia muscular e rigidez dos membros superiores.
Quadro semelhante se verifica quando a hérnia se desenvolve nas vértebras lombares ou sacras. Nas lombares, a pior manifestação é a dor ciática, que pode se estender por toda a perna, e nas sacras alem da dor, claro, existem casos que literalmente há travamento dos membros inferiores. Foi por isso que uma madrugada, como relatado, acordou com o corpo semiparalisado.
Para resolver problemas de coluna, a experiência indica que nem sempre a melhor solução é através de um ortopedista, a não ser que a sua solução se limite a adoção de exercícios físicos e fisioterapia. Recursos outros como cirurgias, próteses etc., devem ser evitados ao máximo, isto é, depois de terem sido esgotados todos os demais expedientes. Nesse caso, ainda, após ter sido indicada a cirurgia com ou sem prótese por um profissional, o bom senso indica que devem ser procurados outros especialistas para ver se confirmam ou não a necessidade da intervenção cirúrgica. Isto porque, segundo as estatísticas, a cada dez cirurgias menos da metade alcançam o resultado que o paciente espera.
Exemplos:
· Atendemos uma senhora de aproximadamente 35 anos, desesperada, porque após ter se assustado ao perceber uma certa dormência na região da coluna cervical, procurou um ortopedista e este, depois de solicitar um exame de ressonância magnética, alem de receitar a pratica da natação, informou que mesmo com a sua pouca idade era necessária uma cirurgia para a colocação de uma prótese... Resumindo, após acalmá-la, retirar a dor e executar alguns movimentos, a dormência desapareceu. Trinta dias após ter adotado a pratica de se exercitar diariamente, mesmo sentindo-se bem procurou um outro especialista. O diagnostico foi: a Senhora não tem nada. Ou a ressonância por alguma razão não foi exata, ou o que havia desapareceu com os exercícios. Continue praticando-os para não ter que voltar a ter problemas de coluna.
· Uma mãe nos trouxe o filho de 12 anos que mancava - alem de sentir dores do lado esquerdo na altura das vértebras sacrais, dizendo: está em tratamento há anos, sem melhoras, por isso o medico agendou uma cirurgia para o próximo mês. O que havia, no entanto, era um deslocamento do cóccix (osso formado por algumas vértebras situado na extremidade inferior da coluna vertebral), em relação aos dois ilíacos. Solicitado a executar alguns movimentos, o osso do garoto, com um pequeno estralo voltou é posição adequada. Logo depois, amenizada a inflamação existente no local a dor desapareceu e o menino parou de mancar. A mãe, depois da explicação, lembrou que o filho havia começado a mancar e se queixar da dor alguns dias após ter caído da laje de sua casa.

Correndo, vivenciei muitas outras experiências. Notei, por exemplo, que a textura do suor nem sempre é igual. Às vezes é mais pegajosa (gordurosa) do que outras. Curioso, percebi que ao retomar os exercícios depois de alguns dias sem treinar, o suor era mais espesso e adiposo, retornando ao normal em poucos dias se não houvesse outras interrupções. Conclui, depois de algum tempo, que o suor provocado pelo exercício físico não só reflete o teor de gordura existente no organismo, mas o elimina com os demais ácidos que ai se acumulam. Estes, quando não são eliminados através da sudoração forçada, se tornam massa corpórea adiposa. Cheguei a me alimentar com feijoadas e carnes (churrasco), só para analisar o suor nos dias seguintes e dessa forma ratificar minhas conclusões.
Entretanto, esta sudoração só acontece sob um determinado nível de esforço, ou seja, quando o batimento cardíaco se eleva a 130 / 140 pulsações por minuto.
Hoje, as refeições em casa são preponderantemente baseadas em vegetais. Para começar uma salada de alface, tomate, cebola, beterraba e grãos, seguida vez ou outra por macarrão, e na auxencia deste arroz para acompanhar dois tipos de legumes cozidos e uma carne - alternando a branca com a vermelha e peixe, seguida de frutas frescas. Os produtos não naturais também foram banidos da mesa, alem dos sucos em pó e refrigerantes, substituídos que foram por água ou sucos de frutas da epoca.
As gorduras, de modo geral, e com elas os queijos, já haviam sido reduzidas quase que totalmente a exceção do azeite extra virgem, porque este, além de combater o mau colesterol, ao ser acrescido em pequenas quantidades ao óleo ou margarina usados para o preparo dos alimentos, começa a destruir a estrutura gordurosa destes já durante o cozimento.
Na mesa a carne perdeu espaço para os vegetais, não somente porque estes ajudam a dissolver as gorduras ingeridas, mas porque se bem preparados tornam-se iguarias muito saborosa. Se nossa afirmação soa inconsistente, convidamos o leitor a executar as seguintes experiências:
· Gorduras animais, saturadas, portanto: banha de porco, toucinho, lingüiça, manteiga etc. Retire uma pequena quantidade dessa gordura - uma de cada vez - e esfregue-a entre as palmas das mãos. Feito isso, tente tirar a gordura lavando-as com água. A gordura só será eliminada se for usado detergente. Todavia, não é aconselhável ingerir este produto para eliminar as gorduras que estão nas entranhas.
· Gorduras vegetais, portanto não saturadas: óleo de soja, girassol, canola, milho, margarinas vegetais etc. Repita a experiência anterior. Constatará que mesmo se o teor gorduroso destes produtos é menos viscoso do que a gordura animal, ainda assim a água não a dissolve.
· Agora, se não possuir um produto apto a cozinhar no vapor, pegue o coador de macarrão, encaixe-o sobre uma panela cuja circunferência superior lhe sirva de receptor e despeje dois copos de água. Deposite no coador um punhado de legumes, acenda uma boca do fogão e coloque sobre ela o conjunto: panela, coador, legumes e tampe. Deixe ferver. Quando os legumes estiverem cozidos, reserve-os para seu uso e utilize o caldo para as continuar as experiências.
Repita agora o que fez anteriormente e limpe as gorduras, uma de cada vez, com o caldo dos legumes. No primeiro momento talvez não perceba nenhuma diferencia, mas logo em seguida perceberá que as gorduras começam a se dissolver.
Se forem utilizados sucos de frutas frescas, com ênfase as cítricas, o resultado será ainda melhor.
· Agora retorne a esfregar as gorduras entre as palmas das mãos, e ao invés do caldo das verduras cozidas, coloque algumas gotas de azeite extravirgem e friccione. Averiguará que as células da gordura se desfazem e a epiderme das palmas das mãos é suavizada.
Hoje, todos os vegetais que são servidos nas refeições de casa são cozidos no vapor, e o caldo que sobra - com os nutrientes que nele permanecem, cerca de 30/35% do que possuem - substitui a água que antes era utilizada no preparo dos demais alimentos: arroz, carne, sopas, tortas etc. As exceções são os caldos ácidos, estes não são aproveitados.
Alem disso, a pequena quantidade de gordura que é utilizada para refogar é uma combinação de 80% de óleo de milho ou girassol, com 20% de azeite extravirgem.

A ciência dos alimentos dedica boa parte de suas pesquisas para identificar comidas que fazem mal à saúde. Há muito se sabe, por exemplo, que gordura bloqueia as artérias e carne vermelha em excesso é ruim para o coração. Na outra ponta, há as pesquisas que verificam quais são os alimentos bons para a saúde. Frutas, verduras e legumes em geral fazem parte desta cesta há décadas.
Agora, especialistas começam a descortinar uma terceira frente sobre a qual quase nada se sabia até a década de 90: os alimentos funcionais. Eles vão além dos “saudáveis” porque mais do que nutrir fornecem ao organismo substancias que auxiliam na prevenção e até no tratamento de doenças. Sim, em pouco tempo varias descobertas animadoras foram feitas. Estudos recem-divulgados autorizam afirmar que uma dieta funcional – ou seja, baseada em alimentos não só saudáveis, mas especificadamente indicados para a prevenção de males - chegam a reduzir em até 70% o risco de alguns tipos de câncer e em 80% as enfermidades do coração, no caso de indivíduos que não fumam e que praticam exercícios regulares.
“A dieta saudável deixou de ser aquela que não faz mal à saúde”, diz o americano Walter Willett, chefe da área de nutrição na Escola de Saúde Publica de Harvard e uma das maiores autoridades no assunto. “Hoje, é a que previne doenças e, em alguns casos, ajuda a tratá-las”.
O medico americano Michael Roizen vai mais longe. Fundador de um dos mais respeitados centros de estudo da saúde e do metabolismo humano, o Real Institute, ele defende que a adoção de uma dieta especifica, combinada a bons hábitos, ajuda a desacelerar o processo de envelhecimento. Mais do que isso: pode rejuvenescer uma pessoa em até vinte anos. Roizen é o autor do best-seller “Idade verdadeira”, que vendeu mais de 3.5 milhões de copias e foi traduzido em 22 idiomas.
“Rejuvenescer”, para Roizen, não quer dizer experimentar milagres como o sumiço repentino de rugas. Com base num calculo que leva em conta dados epidemiológicos e estatísticas de longevidade, ele criou uma taxa de risco para calcular o peso dos hábitos alimentares sobre a saúde de uma pessoa. Dependendo deste resultado, ela pode estar sujeita aos mesmos riscos e doenças que alguém mais jovem ou mais velho – daí o conceito de “idade biológica”, ou real, desenvolvido pelo medico, que independe da cronologia. Ao longo de cinco anos, Roizen e sua equipe examinaram 25000 estudos científicos relacionados a hábitos alimentares, saúde e longevidade. Sua conclusão: “De todos os fatores que afetam o envelhecimento, a dieta é o mais importante”
O interesse pelos benefícios que os alimentos podem trazer à saúde é antigo. Quatro séculos antes de Cristo, o grego Hipócrates - considerado o pai da medicina - já apregoava: “Faz da comida teu remédio”. Na antiguidade, muito se especulava sobre o poder curativo de plantas como o alho. Um papiro Egípcio de 1550 a.C., lista duas dezenas de medicamentos que, formulados à base de raiz, eram usados para tratar de dor de cabeça a inflamação na garganta. O uso do alho pelos antigos baseava-se no mesmo conhecimento empírico que estimulou muitas avós a dizer que comer frutas deixa a pele mais jovem e que um golinho de vinho “faz bem à saúde”. Elas tinham razão, embora não soubessem exatamente o porque. Hoje, já se tem por certo que tanto as frutas como as verduras são potentes antioxidantes naturais. Isso significa que tem capacidade para combater os radicais livres – subproduto formado pelas células no processo de conversão do oxigênio em “combustível” para o corpo. As vitaminas C, E e A, presentes em abundancia em frutas como a laranja, a manga e a maçã, tem o poder de reduzir essas moléculas tóxicas que, em excesso, comprometem o bom funcionamento do organismo e aceleram seu envelhecimento. O poder das frutas é tamanho que Michael Roizen chega a afirmar que a ingestão de cinco porções delas por dia pode atrasar o relógio biológico em até quatro anos.
Outras praticas, aprovadas pela experiência, ganharam recentemente a chancela da ciência. Na década de 60, intrigava cientistas o fato de gregos e italianos – notórios apreciadores de uma boa e farta mesa – sofrerem menos doenças cardíacas e terem expectativa de vida acima da media européia. A partir do estudo dessas populações, concluiu-se que um fator determinante para a longevidade de gregos e italiano era a dieta: a culinária mediterrânea é rica em azeite e nozes, por exemplo, dois poderosos redutores do LDL, o colesterol ruim. Também da observação da população na França nasceu o interesse cientifico pelo vinho tinto. Apesar de os franceses terem o habito de comer queijo e manteiga a granel, eles conseguiam manter baixo os índices de doenças cardíacas. O fenômeno ficou conhecido como “o paradoxo francês”. Um estudo conduzido pela Universidade de Harvard demonstrou que um pigmento encontrado na casca das uvas vermelhas, os flavonóides, tem dupla função no que diz respeito à proteção do coração: aumenta as taxas do bom colesterol e ajuda a prevenir o enrijecimento das artérias.
Hoje, o vinho já exibe status oficial de redutor de doenças cardíacas – é prescrito por entidades como a respeitada Amerinan Dietetic Association e recomendado por nutricionistas de Hospitais como o da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. O mesmo ocorreu com a aveia. Testada e aprovada em uma serie de pesquisas, ganhou o selo de redutora de doenças cardíacas pela Food and Drug Administration, o órgão responsável pelo controle de alimento e medicamentos dos Estados Unidos.
O aval da ciência às propriedades protetoras e rejuvenescedoras de alimentos fez com que muitos deles passassem a freqüentar os bloquinhos de receitas medicas. No Brasil, o cardiologista Protásio da Luz, do instituto do Coração (Incor), responsável por uma pesquisa sobre o efeito dos flavonóides no coração, recomenda o consumo de suco de uva e vinho tinto aos seus pacientes, “excetuando-se no caso do vinho, é claro, os que têm tendência ao alcoolismo” diz. Na França, a bebida chega a ser servida em Hospitais em substituição ao tradicional suco de laranja, até há pouco tempo obrigatório nas bandejas dos doentes. Na escalada do vinho em direção ao status de “quase remédio”, a dose recomendada pelos organismos de saúde aumentou progressivamente. De três taças por semana, passou a uma por dia.
Os alimentos funcionais também já foram incorporados ao dia a dia dos hospitais brasileiros. Por meio de uma cartilha elaborada pelo Centro de Medicina Preventiva do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, pacientes aprendem que soja, azeite, suco de uva, chá verde e sardinha, por exemplo, são poderosos aliados na prevenção de males cardíacos. No Incor, em São Paulo, itens como carne vermelha, leite integral e manteiga - servida até uma década atrás aos doentes – perderam espaço para peixe, leite de soja e azeite. A popularidade dos alimentos funcionais não está restrita à comunidade médica. A academia de ginástica Companhia Athlética, em São Paulo, contratou uma consultoria especializada em nutrição funcional - sim, esse já é um ramo de atuação entre especialistas - para incorporá-la ao bufê do seu restaurante. O novo menu ganhou saladas à base de castanhas e grãos de soja, molhos que levam azeite e semente de linhaça e vitaminas de frutas batidas com leite de soja. Segundo os nutricionistas, quem pratica atividade física e está preocupado com a boa forma vai encontrar nesses alimentos um aliado para prevenir lesões musculares, fadiga, stress, acne e envelhecimento.
A industria já percebeu que está diante de uma mina de ouro e começa a investir pesado na tentativa de reproduzir em laboratório as propriedades benéficas dos alimentos, sintetizados na forma de sucos, sopas e ate sorvetes. O mercado mundial de funcionais industrializados, que só neste ano deve faturar algo próximo de 50 bilhões de dólares, cresceu 60% nos últimos cinco anos. A líder no ramo é a empresa holandesa DSM, que já colocou nas prateleiras européias, entre outros itens, balas de catequina – o fitoquímico presente no chá verde que ajuda a reduzir o risco de tumores malignos. A empresa fabrica ainda mais de trinta produtos à base de licopeno, substancia que auxilia na prevenção do câncer da próstata e é encontrada em abundancia no tomate, uma das vedetes da categoria dos funcionais.
Estudos conduzidos por Michael Roizen apontam que a ingestão semanal de dez colheres de molho de tomate ajuda a reduzir em até 50% o risco de onze tipos de câncer, entre eles os de esôfago e próstata. Em seu livro “Idade Verdadeira”, o medico afirma que o fruto é capaz de “rejuvenescer” em um ano quem o consome regularmente. Se a dieta por si só é um fator determinante para o envelhecimento, há outros quesitos que a rodeiam que merecem a mesma atenção, diz agora Roizen. Certos hábitos – revelados no momento em que se vai às compras e até mesmo nos utensílios que se tem na cozinha – podem ser tão vitais à saúde quanto a comida que vai ao prato. Em seu novo livro, “A Cozinha da Idade Verdadeira”, que foi lançado no Brasil, o medico prega a importância de atitudes como, por exemplo, ler o rotulo dos produtos antes de colocá-los no carrinho de compras. A recomendação baseia-se em estudo feito pelo Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, que mostra que as pessoas que cultivam esse habito consomem 6% menos de gorduras do que as que adquirem mercadorias sem saber o que elas contêm.
Outro costume condenado pelo pesquisador é comer distraidamente – em pé, diante da geladeira ou na sala de televisão. Pesquisas conduzidas com pacientes do próprio Roizen demonstraram que este tipo de atitude é especialmente prejudicial àqueles com tendência à obesidade: faz com que a pessoa consuma 20% a mais de calorias do que se fizesse a refeição na mesa. Quem come distraído também presta menos atenção ao que está comendo, lembra Roizen. Para o medico, a preocupação em selecionar alimentos de qualidade é um dos pilares da boa saúde – tanto que está na origem de outra serie de recomendações que ele prescreve, como: sabatinar o garçom sobre o preparo do prato em uma ida ao restaurante, solicitar-lhe que troque os ingredientes sempre que julgar necessário e, mais importante, pedir que o molho da salada venha à parte – de preferência, sem maionese, porque uma pesquisa feita pelo governo americano chegou à espantosa conclusão de que, na faixa etária de 20 a 30 anos, as mulheres consomem, em media, metade de suas calorias diárias só em molhos de saladas.
Entre os hábitos benéficos para a saúde, Roizen lista o costume de manter as frutas em local visível na cozinha. Estudo publicado no “American Journal os Clinical Nutrition” mostra que 80% das pessoas, movidas pela fome, escolhem o primeiro alimento que atravessa seu campo de visão. Melhor, então, que sejam as frutas.
Qualidades atestadas, os alimentos funcionais de nada servem, alertam os especialistas, se:
· Não forem consumidos com regularidade – como os remédios, porque só tem efeitos no combate às doenças quando ingeridos nas quantidades adequadas.
· A dieta como um todo não for saudável.
É inútil empanturrar-se de aveia no café-da-manhã e devorar hambúrgueres com refrigerante no almoço. “A formula ideal para prevenir doenças com o auxílio dos alimentos é combinar na dieta o maior numero possível de substancias benéficas”, diz o medico Walter Willet.
O entusiasmo dos cientistas pelos poderes dos alimentos funcionais pode ser medido pela magnitude de uma pesquisa que começa a ser desenvolvida pelo World Câncer Research Fund, órgão internacional especializado no estudo do câncer. Na semana passada, o instituto anunciou a largada de um megaprojeto que pretende ampliar em escada inédita o conhecimento sobre o impacto dos alimentos no combate à doença. O trabalho vai envolver cientistas dos melhores centros de pesquisas do mundo. Divididos em grupos, cada um se dedicará a desvendar a contribuição que os alimentos podem dar à prevenção de um determinado tipo de câncer. O World Câncer Research não é o único órgão interessado no tema. Neste momento, sob os microscópios de pesquisadores de todo o mundo, estão cogumelos, alcachofras, canela, chocolate e curry, por exemplo – todos potenciais aliados na prevenção de males diversos.
No Brasil, o Incor vai inaugurar em breve um núcleo de estudos exclusivamente voltado para pesquisas com café. Desconfia-se que a bebida pode ajudar a evitar doenças cardiovasculares, a causa numero 1 de mortes no Brasil e no mundo. A fonte da juventude e da longevidade, quem diria, está logo ali, na cozinha.
Fonte: revista Veja de 2 de junho 2004

Alimentos funcionais e exercício físico, como acabamos de ver, fazem parte das terapias curativas que são receitadas no mundo. Mas por que, sendo o exercício físico é tão benéfico, é praticado por poucos?

A importância do exercício físico para a nossa saúde já pode ser intuída partindo do lado oposto, ou seja, porque a inatividade faz mal. Pesquisas cientificas conduzidas sobre inteiras classes sociais tem demonstrado como a vida sedentária coloca em risco o sistema cardiovascular e não só este.
Compreender melhor porque o nosso organismo tira vantagem do movimento é importante, mesmo para escolher e organizar uma pratica física que tenha as características justas para as necessidades de cada um. Por este motivo procuraremos examinar detalhadamente as relações entre a atividade física e a prevenção de algumas enfermidades, com a finalidade de fornecer exemplos significativos para a construção de um programa de treinamento sob medida para cada um.
Mais movimentos, menos riscos: - Vamos começar com algumas conceituações gerais. O primeiro efeito da atividade física é o incremento da demanda de oxigênio por parte da musculação. O coração responde aumentando a sua atividade, ou seja, a freqüência cardíaca. Este fator não só contribui para mantê-lo em forma, mas favorece a recuperação depois de um infarto ou uma intervenção cirúrgica.
Mas o exercício físico é importante por outros motivos. Contribui para manter sob controle a hipertensão e desenvolve uma ação positiva sobre o metabolismo, favorecendo a absorção dos açúcares, prevenindo desta forma não só a diabete, mas o exagerado acumulo de colesterol nas artérias patrocinando o desmanche da gordura excessiva.
Todos estes dados foram confirmados por estudos científicos. Por exemplo, para citar um dado geral, foi calculado que uma pessoa com boa saúde que corra 50 quilômetros por semana tem seu risco de infarto reduzido em 50% em relação a uma outra sedentária. Mas se correr só 30 quilômetros seu risco diminui em 38%. Antes de ver mais detalhadamente o efeito do exercício físico sobre os fatores de risco cardiovasculares, vale a pena citar pelo menos outro efeito particular que se relaciona às mulheres, ou seja, a séria patologia da osteoporose.
A osteoporose é um processo natural que começa a se verificar quando a massa mineral óssea, que cresce até os trinta anos e permanece a grosso modo estável até os quarenta, começa a se reduzir. Alcançada uma determinada idade, especialmente na mulher, os ossos se tornam mais frágeis aumentando assim o risco de fraturas. Seja o ponto máximo que é atingido pela massa mineral óssea, seja seu processo de redução - que pode ser mais lento ou mais veloz - dependem exclusivamente da atividade física que foi ou é desenvolvida ao longo da vida. Em verdade os minerais, durante o crescimento do individuo, se depositam sobre uma matriz protéica, cujo desenvolvimento depende da força de gravidade - os astronautas, no espaço, sofrem muita perda de massa mineral óssea - mas também das trações musculares que são estimuladas durante a pratica esportiva. A osteoporose, assim sendo, pode ser prevenida e limitada através de uma atividade física desenvolvida de forma constante ao longo da vida.
Existem evidencias de um benéfico efeito da atividade física quando desenvolvida regularmente, até em relação a alguns tumores, como as neoplasias do cólon e do reto, das mamas, do útero e da próstata. A atividade física melhora o funcionamento do cólon e favorece a peristalsi, que é um processo digestivo. Tornando-o mais rápido, se reduzem os tempos de contato das substancias potencialmente cancerígenas com a mucosa intestinal.
Os exercícios físicos, alem disso, ajudam a eliminar determinadas cotas de hormônios que favorecem o aparecimento dos tumores: os estrogênios na mulher - para o tumor no útero e da mama - e androgênios no homem - tumor na próstata.
Por que se emagrece: - Existe um aspecto freqüentemente considerado importante na pratica esportiva: a possibilidade de emagrecer ou pelo menos de manter a forma física adequada. Para entender como a atividade física pode intervir no controle do peso, antes de tudo vamos eliminar um equivoco: não é o muito suar que faz emagrecer. A água e os sais minerais que são perdidos suando devem ser reintegrados. Emagrecer significa perder gordura. Em verdade, na atividade física existem muitos outros fatores que ajudam a perder peso. O mais importante, provavelmente, é o fato que o metabolismo daquele que se exercita permanece elevado por varias horas mesmo depois que encerrou a atividade física daquele dia. Assim sendo, as gorduras são queimadas enquanto se corre e continuam sendo queimadas mais ainda nas horas sucessivas. Alem disso existe um outro mecanismo que deve ser considerado. Quem inicia uma dieta alimentar, normalmente tem como desvantagem o fato que seu metabolismo de base - as energias que se gastam em repouso - se reduz. Quando se calcula consumir menos do que 1500 calorias para emagrecer, no inicio funciona, mas depois o metabolismo de base se ajusta à nova cota de calorias e assim as 1500 planejadas se tornam muitas. Se contemporaneamente, no entanto, assumem-se atividades físicas do tipo aeróbico, o fenômeno do abaixamento do metabolismo de base não se verifica. Melhor do que isso, permanece um pouco mais alto: o gasto em repouso aumenta além do padrão e este fato ajuda a emagrecer.
Há um método para calcular quanta gordura pode ser queimada, por exemplo, em uma corrida: multiplica-se o numero de quilômetros percorridos pelo peso em quilos do individuo dividindo por 20, ou seja: se a pessoa pesa 70 quilos e corre 10 quilômetros: (70 X 10): 20= 35, ou seja, queimam-se 35 gramas de gordura. A primeira vista pode-se considerar desproporcional o esforço - aproximadamente uma hora de corrida para perder 35 gramas de gordura - mas deve-se levar em conta que a corrida aumenta o metabolismo de base e assim fazendo, o corpo consome mais calorias mesmo quando está em repouso.
Hipertensão sob controle: - Quem sofre de hipertensão tem mais dificuldades para exercer atividades físicas porque a pressão alta provoca um maior gasto energético ao músculo cardíaco. De fato, o endurecimento dos vasos - situação típica da pessoa hipertensa - comporta um cansaço maior ao coração e ao longo do exercício físico este cansaço continua crescendo ainda mais. O esforço então deve ser reduzido.
Deve-se prestar atenção também ao esforço improviso e excessivo. A brusca emissão em circulo de substancias - como a adrenalina e a noradrenalina, que pelo outro lado favorecem a atividade esportiva - com ação fortemente hipertensiógena produz uma crise hipertensiva que provoca um rápido aumento dos valores da pressão arterial - que o individuo percebe através de sintomas como a cefaléia pulsante, vertigem ou náuseas, ou sensação de opressão respiratória - e determina um supertrabalho agudo para o coração e para os vasos.
A atividade física apropriada para o controle da hipertensão deve ser, portanto, do tipo aeróbico - ou seja, com o aumento da demanda de oxigênio externo. As atividades aeróbicas são exercícios como a caminhada veloz, a corrida sem muito esforço, o ciclismo e a natação sempre sem empenho competitivo. Durante estas atividades os músculos e o coração são solicitados, mas o consumo de oxigênio não supera jamais a capacidade de respiração. O coração desta forma aprende a reagir às mutações do ritmo e a responder as solicitações que correspondem a um aumento da atividade em harmonia com as mudanças na velocidade do fluxo de sangue e da respiração.
Os efeitos na taxa de colesterol: - As deslipidemias - ou seja, o excesso de colesterol e dos triglicideros no sangue - representam um dos maiores riscos para o infarto e outras enfermidades cardiovasculares. Por este motivo foram realizados inúmeros estudos científicos a respeito de tudo aquilo que pode ter influencia na circulação das gorduras no sangue. Entre outras coisas foi descoberto que a atividade física pode ter uma influencia importante não só porque reduz o colesterol total, mas também porque abaixa os índices do chamado colesterol ruim o LDL, alem de reduzir acentuadamente os triglicideros e aumentar o chamado colesterol bom, o HDL, que é chamado o gari das artérias porque contribui para mantê-las limpas e elásticas, portanto, menos afetas aos processos de arteriosclerose.
A ajuda para parar de fumar: - Mesmo parar de fumar fica mais fácil se contemporaneamente se inicia uma pratica esportiva aeróbica. E a explicação não é só psicológica. Não se trata, portanto, de passar a viver em um mundo mais sadio, da mudança de hábitos de quem começa a praticar esportes: existem também motivos estritamente fisiológicos. A corrida e a atividade física prolongada conseguem aumentar a produção de opiodos endógenos: em particular as endorfinas. Estas substancias tem dois efeitos: o primeiro é uma ação analgésica - contra a dor - e o segundo provoca sensações prazerosas. Existe, e já foi descrita, uma espécie de “euforia da corrida”, que provavelmente está ligada à produção de endorfinas. Este efeito pode ser muito importante para quem luta contra o vicio de fumar. De fato, uma produção endógena de endorfinas pode substituir os efeitos de uma tóxico-dependência negativa, porque a fumaça de um cigarro também estimula a produção de endorfinas. Quem procura parar de fumar, além de sentir a carência da nicotina, sente também a das endorfinas, que induz a retomada do fumo para se sentir melhor.
Sentir-se bem: - As considerações a respeito das endorfinas nos levam a apreciar um outro aspecto importante do exercício físico, ou seja, aquele que de acordo com o termo técnico chama-se: melhoramento do tom do humor. Os aspectos psicológicos são cada vez mais considerados fatores determinantes, sejam para evitar uma enfermidade cardíaca, seja para ter um rápido e ótimo restabelecimento depois de tê-la.
Modificar hábitos de vida demasiadamente sedentários pode ter um efeito surpreendente, não só porque ajuda a descarregar o stress, mas também, e, sobretudo, porque permite um aproch mais ativo e positivo em relação aos problemas de todos os dias. Na pratica, praticar esporte ou uma atividade física qualquer, fortalece a auto-estima - aquela visão positiva de si mesmo e da própria vida - que muitos consideram um fator decisivo para uma boa saúde e longevidade.
Na reabilitação cardiológica: - A atividade física é extremamente importante para a recuperação de uma boa funcionalidade do coração depois de um evento grave como o infarto, a aplicação de um bypass ou uma intervenção cardio-cirurgica. Exercícios físicos fazem parte dos programas de reabilitação cardiológica que é uma das grandes novidades da cardiologia dos últimos decênios.
É devido a esta reabilitação, em verdade, que hoje se pode retomar uma vida normal depois de ter superado eventos, mesmo graves, no coração. Nestes casos, contudo, a atividade deve ser desenvolvida com um rigoroso controle medico. O programa físico deve ser estabelecido à luz de vários exames sob esforço como o eletrocardiograma e o ecocardiograma.
O paciente submete-se a um teste de esforço para avaliar o limite a que ele pode chegar, em outras palavras, é medida a freqüência cardíaca e os valores de pressão enquanto caminha sobre uma esteira. Em função destas avaliações, é preparado um programa de atividades físicas que garante, através do empenho físico adequado, a recuperação da capacidade cardíaca e muscular do organismo.
Fonte: “ARRC” - Associazione per la Ricerca e il Ricupero delle Cardiopatie
www. arrc.it/afe.html.

Abordamos superficialmente a sudoração e discorremos a respeito do exercício físico, mas o que em verdade acontece ao suar? Suar é necessário? Sim, por varias razões, e antes de adentrarmos no mérito delas, vamos lembrar a mais importante: Quando o individuo, na idade que tiver, por falta de exercício físico - seja porque já não trabalha mais regularmente, ou regularmente não se exercita mais, a cútis do seu corpo, com ênfase nas partes descobertas: rosto, pescoço, braços e pernas, por não mais ser umedecida pelo suor, precocemente resseca, perde a elasticidade, a espessura e conseqüentemente a resistência.
O corpo transpira para regular a temperatura do organismo que se mantem em constante trabalho para garantir o equilíbrio. Suamos mais no verão do que no inverno por estarmos submetidos a temperaturas mais altas, e reagimos ao calor através do processo da transpiração.
No aumento da temperatura, tanto externa - provocada por condições climáticas, como interna - provocada por atividades físicas, fatores emocionais, nervosos etc., elimina-se liquido através da superfície da pele de onde ele evapora. Durante este processo, o calor liberado restabelece a temperatura corporal. É um tipo de regulador da natureza, que também tem a função de produzir uma camada de hidrolípidos na superfície da pele que atua como um revestimento protetor.
As axilas e o resto do corpo: - Em geral, quando pensamos em transpiração, pensamos em axilas. Nestas pequenas regiões de nove centímetros quadrados se encontram dois tipos de glândulas sudoríparas – as ecrinas e as apócrinas. Mas as axilas agregam apenas 1% das glândulas ecrinas do nosso organismo, que reúne cerca de dois a cinco milhões destas espalhadas por todo o corpo. Portanto, o controle da transpiração na região das axilas não afeta o processo de esfriamento do corpo. Concretamente as axilas reúnem cerca de 25.000 glândulas.
As glândulas Ecrinas: - Elas estão espalhadas por toda a pele. Estas glândulas tubulares, que desembocam na superfície cutânea, reagem ao calor – ainda que também aos estímulos emocionais - produzindo secreções que são 99% água. A evaporação do suor refresca a pele e regula a temperatura do corpo. Por outro lado, as glândulas ecrinas não têm nenhuma relação com os pelos das axilas ou quaisquer outros.
As glândulas Apócrinas: - Estas glândulas se concentram em determinadas zonas do corpo como na virilha, peito e também nas axilas, que é o lugar onde se apresenta maior concentração delas. Estas glândulas sim estão relacionadas às raízes dos pelos e reagem aos estímulos emocionais. As glândulas apócrinas secretam substancias oleosas, lipídios e ácidos graxos, em outras palavras gorduras e aminoácidos – os constituintes fundamentais das proteínas.
O suor tem odor?: - O suor é um liquido secretado pelas glândulas que não tem nenhum odor. O mau odor corporal se produz quando a flora bacteriana de nossa pele reage ao entrar em contato com o suor porque ela se alimenta dele. Uma alimentação rica em proteínas animais pode agravar a situação do odor pela proliferação das bactérias.
A transpiração emocional: - Além da transpiração causada pelo calor ambiental, temos também a transpiração emocional. As glândulas ecrinas não apenas respondem aos estímulos térmicos como também aos emocionais. Dependendo do tipo de estimulo, este suor se manifesta em regiões distintas do corpo como nas mãos, peito, axilas ou virilha. Já as glândulas apócrinas reagem principalmente aos estímulos emocionais e raramente pelo calor, e como vimos, segregam lipídios.
Algumas das principais causas da reação dessas glândulas são as fortes emoções do stress, medo, dor, ansiedade, insegurança - nestes casos a calma e o controle emocional são fundamentais para controlar esses suores.

Seja profissional, execute a função friamente como eu faço com meus pacientes, mesmo porque está é a melhor maneira de trabalhar. Temos que desempenhar nossa atividade o mais responsavelmente possível, admitindo, porem, antecipadamente, que como o resultado também depende de fatores que fogem ao nosso controle, nem sempre é aquele que desejamos. Estas foram às palavras que me foram ditas pelo medico para ratificar que o bem estar físico é sempre uma conseqüência do bem estar mental e vice-versa. .
Men sana in corpore sano diz o adágio, destarte, considerando que já expusemos parte da extensa matéria que versa a respeito do que deve ser feito para garantir o “corpore sano”, vamos adentrar na temática concernente a cultivação dos métodos aptos a manter também “Men sana”. Com esta finalidade, vamos retroceder até os Vedas, as escrituras sagradas hindus – os primeiros testos do mundo a ensinar com a ênfase devida como fazer isso, para copiar o trecho onde o Deus Krishna dialoga com o guerreiro Arjuna:
“Faça as suas ações no melhor das suas habilidades, o Arjuna, com sua mente ligada ao Senhor, abandonando a preocupação e o apego egoísta aos resultados, permanecendo calmo tanto no sucesso como no fracasso. O serviço sem egoísmo traz a paz e a tranqüilidade da mente que conduz a união com Deus”.
Chamamos Karma-yoga aquele que cumpre suas obrigações mantendo a tranqüilidade sob todas as circunstancias, porque a dor e prazer, nascimento e morte, perda e ganho, união e separação, são inevitáveis uma vez que estão sob o controle de alguma ação do passado, do mesmo modo que se sucedem os dias e as noites. É só o tolo que se regozija na prosperidade e se aborrece na adversidade.
Este dialogo, mantido por volta de oito mil anos a.C., jamais esteve tão atual como o é hoje. Quando diz: continua fazendo tuas obrigações mantendo-te tranqüilo independentemente das circunstancias, porque dor e prazer, nascimento e morte, perda e ganho, sucesso ou fracasso, prosperidade e adversidade, união e separação, são inevitáveis, afirma que o ser humano, para viver em harmonia consigo mesmo (corresponde a viver em plena saúde) deve aceitar, ou aprender a acolher com tranqüilidade também aquelas situações que ao invés de “acrescentar”, “deduzem”. Em outras palavras, jamais se desequilibrar emocionalmente mesmo diante daquelas ocorrências que espantam, que não satisfazem, aborrecem ou magoam, entendendo que no tempo, com a inteligência que possui - se perseverar, claro - qualquer adversidade, por mais agressiva que possa parecer ao eclodir, pode ser superada, e superando-a, e a vida sempre volta a sorrir.
Contrariamente, aqueles que se julgam portentosos a ponto de julgarem que não merecem o que lhe acontece, mesmo se o mesmo evento, repetindo-se, atinge parcial ou totalmente seus semelhantes, e alardeiam para si mesmos e para os que podem ouvi-los “eu não aceito”, são os que, permanecendo desequilibrados, atingem o grau mais problemático do stress e se tornam os alvos naturais das piores enfermidades.
Tem uma piada que, salvaguardando as devidas proporções, esclarece com muita propriedade este aspecto, e ela é protagonizada jocosamente por dois hebreus: Jacó, há algum tempo se desespera e não dorme, preocupado que está porque em poucos dias deverá pagar á Moises, um fornecedor amigo, uma vultuosa importância que infelizmente ainda não tem. Sara, sua esposa, vendo-o cada vez mais estressado, lhe diz: Chega Jacó, aceita que por enquanto não pode pagar. Telefona agora mesmo para Moises e lhe diga que não irá pagá-lo porque agora não tem dinheiro. Jacó, dócil, telefona para Moises e lhe diz que nos próximos dias não poderá pagá-lo. Desliga o telefone, suspira aliviado, e depois de muitas noites insones dorme sossegado. Moises, todavia, enquanto não “aceitar” o que lhe foi comunicado, não só não vai dormir, mas vai ficar cada vez mais estressado.
Resumindo: muda o nome, o endereço é diferente, mas a essência é sempre a mesma.Quando o individuo é agraciado com o sucesso, seja em troca da sua atividade, ou como epílogo de expectativas pessoais, nem sempre se exulta ou se considera privilegiado, porque dificilmente por antecipação admite “que naquele jogo especifico” ele pode ser o vencido. Por conseguinte, considerando que “a vitória” é uma ave de muitos ninhos, e assim sendo, jamais se fixa em um só, quando deixa sua ultima pousada a caminho de outra, aquele que consciente ou inconscientemente diz “eu não aceito” - porque seu amor proprio sangra - é sempre aquele que mais sofre. O alógico, no entanto, é que este mesmo indivíduo, dificilmente se propõe a extrair das “ocorrência indesejadas” que permeiam seu caminho, as lições que elas contem destinadas a auxiliá-lo a se diplomar na ciência da vida. Sim, porque a liturgia que coordena a existência do ser, mesmo enquanto homem, não se limita a esclarecer que depois da tempestade sempre vem a bonança, porque simultaneamente afirma que depois da bonança sempre vem à tempestade.
Em síntese, a não aceitação destas verdades é uma forma não adulta, não inteligente, irresponsável mesmo de enfrentar a vida, que infelizmente nenhum pai ou professor tenta alterar para evitar que as próximas gerações continuem sofrendo do mesmo mal. É a incansável busca do “sonho da felicidade” que, mesmo se jamais é achado, mantem os “garimpeiros” no garimpo até o ultimo dia da sua existência. Mas, o que é felicidade?
· É encontrar a alma gêmea, conquistá-la, namorá-la. Noivar e casar, para gozá-la na sua plenitude ao longo dos primeiros momentos enquanto as duas partes, por ainda não se sentir seguros em relação á posse do outro, não conseguem viver distantes, para depois de algum tempo, não mais se tolerando, se separarem após uma das partes ter encontrado o que julga ser a verdadeira metade?
· É vivê-la a partir da gravidez, ao longo de todos os minutos que precedem o parto, até o momento em que a criança, crescendo, deixa de ser o anjinho que havia sido para se transformar naquele ser com vontade própria que, ao invés de ouvir os pais, começa a trilhar aqueles caminhos que para terem volta exigem um pedágio inúmeras vezes impagável?
· É saboreá-la através do consumismo exagerado, até o momento em que, perdendo o emprego, ou tendo que se aposentar, por não mais poder possuir e usufruir, se transforma em uma fonte de constante agastamento e irritação?
· É senti-la dirigindo o carro dos sonhos, recém adquirido, para perdê-lo depois de algumas duplicatas não pagas, ou sentir-se violentado depois que é roubado ou estraçalhado por um caminhão?
· É gozá-la na amplidão de todos os sentidos ao entrar em um apartamento novo, depois de comprá-lo e decorá-lo para receber os amigos, para depois se frustrar quando um deles adquire um maior e melhor?
Se olharmos para trás, não exclusivamente em relação a nos mesmos, mas a todos aqueles que nos cercam, constataremos que a felicidade e a infelicidade andam sempre juntas, ou melhor, se sucedem, assim como à noite sucede o dia, e vão continuar alternando-se sucessivamente, crescendo em volume e em efeito até o fim dos nossos dias. Porque crescendo? Porque os eventos favoráveis e desfavoráveis atingem a todos: Enquanto o individuo é solteiros é ele só que está sujeito a eles. Casando são dois, e em algum tempo podem se tornar tres ou quatro. Com os anos os filhos crescem, noivam, casam e depois vem os netos, portanto, um numero sempre maior de pessoas cujos sucessos ou insucessos, saúde ou enfermidade, se transformam em alegrias ou dor.
O ideal é se preparar para enfrentar o stress antes que ele fique grande demais. Ou seja Conhecemos uma avó com 73 anos que foi internada uma centena de vezes e teve que se submeter a 32 cirurgias, contudo, seu estado de saúde continua lastimável. Este é o efeito. A causa é representada pelo marido cardíaco, filhos separados e vivendo as turras com as ex-esposas por causa da pensão alimentar, netos semi-abandonados, e entre eles um preso e outro jurado de morte devido ao seu envolvimento com o ilícito. Esta senhora, apesar de religiosa, deixou que a sua vida se transformasse em um inferno porque não soube “aceitar” os opostos que se manifestaram em sua vida.
Para evitar que alguém diga, no lugar dela qualquer um se sentiria assim, oferecemos um exemplo contrário: Uma senhora, viúva, na faixa etária dos cinqüenta, com uma filha de trinta e cinco que desde os sete vive deitada na cama em estado vegetativo e sofrendo convulsões. Seu marido, falecido há dez anos, pouco ou nada deixou, desta forma, alem de cuidar pessoalmente da filha, tem que trabalhar para o sustento das duas e o faz produzindo artigos de tricô. No entanto, mesmo com todas as dificuldades que tem que enfrentar, ela superou a si mesma e encontrou a paz. “A minha filha está na mão de Deus” diz, e eu faço a parte que me cabe com carinho porque sou sua mãe e a amo. Mas, mesmo se não freqüento nenhuma igreja porque não tenho como fazê-lo, entendo que se continuo aqui, viva, é porque as minhas tarefas ainda não foram concluídas. Isso me deixa feliz.

Sob o titulo “a busca da felicidade” a revista Veja do dia 23 de junho de 2004 publicou a entrevista que manteve com o economista e cientista social Eduardo Giannetti.
Veja – Os grandes economistas do passado sonhavam em libertar o homem da escravidão econômica por meio do progresso. Estamos longe desse ideal?
Resposta – Por mais de 200 anos, o Ocidente tem convivido com a idéia de que o controle técnico e cientifico do mundo está diretamente ligado ao aumento da felicidade humana. Tomo a palavra felicidade, aqui, no sentido que a tradição filosófica lhe deu, e que vai alem do mero conforto que os bens materiais possam trazer. No campo da economia, o corolário dessa idéia é que o crescimento continuo de nossas riquezas redundaria em melhoras no bem-estar subjetivo. Isso não ocorreu.
Veja – A noção do senso comum segundo a qual a pessoa que tem muito sempre quer mais é verificada também entre sociedades inteiras e países?
Resposta – Ingressamos numa situação paradoxal. Quanto mais o mundo avança do ponto de vista econômico, mais a economia se torna uma questão obsedante para os governos e as sociedades, e mais as pessoas se sentem enredadas num modelo de vida fundado no consumo e no sucesso material. Isso leva a situações de conflito. Mais de 80% dos americanos, por exemplo, acreditam que a preocupação com o dinheiro ocupa um espaço excessivo em suas vidas.
Veja – Por que o progresso é sinônimo de felicidade?
Resposta – Nos últimos anos, uma serie de pesquisas empíricas tem demonstrado que essa crença no vinculo intrínseco entre progresso econômico e felicidade pode estar equivocada. Não se encontrou evidencia, por exemplo, de que, a partir de um nível relativamente baixo de renda per capitã, acréscimos a esta renda trariam maior bem-estar à população. Estima-se que esse “nível relativamente baixo” esteja próximo dos 10000 dólares per capitã levando em conta a paridade do poder de compra da moeda. Essa é a renda de países como Portugal, Irlanda e Coréia do Sul.
Veja – A busca permanente de riqueza material, então, não faz sentido?
Resposta - Se estiver certo esse tipo de pesquisa a que me referi, a resposta é não. Isso porque, a partir de certo ponto, não faz sentido sacrificar outros bens, como a preservação da natureza, o cultivo das relações pessoais e a espiritualidade, em nome dos bens econômicos. Mas a lógica não tem se mostrado um motor motivacional forte o bastante nesse ponto. Apesar de as pessoas não se sentirem mais felizes com a abundancia, parece que estamos programados para viver numa corrida eterna em busca de status sempre maior.

Mas vamos nos aprofundar um pouco mais em relação ao que verdadeiramente pode significar a palavra felicidade.
A população dos paises mais ricos passa por uma crise existencial: a sensação de que no passado se vivia melhor. A historia e as estatísticas, no entanto, mostram que a média dos moradores dos Estados Unidos e da Europa Ocidental nunca teve uma vida tão prospera.
As pessoas vivem mais, tem mais acesso à educação e, descontados os desejos mais extravagantes, realizam como nunca os sonhos de consumo. Cinqüenta anos atrás, os objetivos de uma família americana eram a casa própria, o carro na garagem e pelo menos um dos filhos na universidade. Hoje, seu estilo de vida excede essas expectativas, graças a um aumento de 50% na renda da classe média nos últimos 25 anos. O que hoje é comum – uma frota de carros na garagem, assistência medica de primeira e férias no exterior – no inicio do século XX era privilegio de uns poucos milionários. Há muito mais: algumas doenças letais que nos anos 50 não poupavam nem sequer os muito ricos, como a poliomielite, foram praticamente erradicadas. Apesar de todos estes avanços, os psicólogos identificam um fenômeno que tem sido chamado de “hipocondria social” ou “paradoxo do progresso”: a sensação crescente de que tudo o que se conquistou com as melhorias sociais é mera ilusão.
A idéia de que um bom padrão de vida não é garantia para a realização pessoal é antiga. Há mais de 2.000 anos, o filosofo grego Aristóteles já afirmava que a felicidade se atinge pelo exercício da virtude, e não da posse. Uma pesquisa recente realizada pelo sociólogo holandês Ruut Veenhoven, da Universidade Erasmus de Roterdã, concluiu que com uma renda anual de 10.000 dólares o individuo tem o suficiente para uma vida confortável em qualquer país industrializado. A partir daí, como na propaganda de cartão de credito, existem coisas – um sentido para a vida, uma paixão e amizades – que o dinheiro não pode comprar. A melancolia que contamina as sociedades ricas do século XXI é mais complexa do que a velha frase “dinheiro não compra felicidade”. O jornalista americano Gregg Easterbrook, pesquisador do Instituto Brookings, no livro “O Paradoxo e o Progresso”: “Como a Vida Melhora Enquanto as Pessoas se Sentem Pior”, lançado no fim do ano passado, faz uma analise profunda do fenômeno.

Para Easterbrook, se a classe média americana não está se sentindo bem, isso é culpa de uma mistura indigesta que inclui decepção com o progresso, consumismo exacerbado, falta de novos objetivos para a vida e excesso de opções. “Uma pessoa de classe média não dispõe de serviçais, mas, de modo geral, preferiria morar num subúrbio americano de hoje a viver no Palácio de Buckingham há 500 anos”, disse Easterbrook a Veja.
Por definição, o progresso pressupõe crescimento gradual do bem-estar, em direção a um objetivo idealizado. Se uma pessoa já realizou todos os seus objetivos, isso significa que atingiu a felicidade? Não, é a resposta de um estudo realizado pelo psicólogo israelense Daniel Kahneman, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Segundo ele, as pessoas julgam seu bem-estar não pela situação atual, mas pela perspectiva de melhorar de vida no futuro. Ou seja, nada como uma boa esperança para dar a sensação de felicidade. A classe média americana vive na fartura, mas não percebe que melhorou. Uma explicação pode ser encontrada num antigo ditado americano segundo o qual a maré alta levanta todos os barcos. Quando um sobe, todos sobem junto, e por isso perde-se a perspectiva de como era a realidade antes de a maré subir.
Insatisfeitos com o que já tem, os americanos tentam se realizar através do consumo desenfreado. Easterbrook chama isso de “síndrome dos dez martelos”: as pessoas compram tantas coisas supérfluas que quando precisam fincar um prego na parede, não conseguem encontrar nenhum dos nove martelos que possuem e acabam adquirindo mais um. O consumismo cria uma espécie de ansiedade pelo enriquecimento, criticada num livro recente do sociólogo americano David Callaham. Em “A Cultura da Trapaça”, lançado nos EUA, Callahan discute a distorção ética que passou a vigorar no país nos últimos anos. “Vivemos uma cultura que privilegia a vitória acima de tudo e encoraja a desonestidade desde a escolinha infantil até a cúpula das grandes empresas. Isso piora a vida de todo o mundo”, escreveu ele.
O progresso dos paises desenvolvidos criou novos problemas no lugar daqueles que o avanço tecnológico ajudou a resolver. A disponibilidade de comida, por exemplo, aumentou tanto nas ultimas décadas que o maior problema de saúde nos Estados Unidos é a obesidade que atinge 65% da população. Outros problemas são mais prosaicos, mas não menos angustiantes: o telefone celular revolucionou a comunicação. Por outro lado, tornou constantes as ligações do chefe nos momentos mais impróprios. Até a liberdade, uma das maiores conquistas modernas, tem sido causa de infelicidade. Liberdade de escolha com quem se casar, onde morar e qual profissão seguir: há 50 anos, tudo isso era muito mais limitado. Hoje, o excesso de caminhos a seguir é motivo de ansiedade e seções redobradas no psicanalista.
No inicio do século passado, o filosofo alemão Oswald Spengler imprimiu um tom pessimista à teoria do progresso. Para ele, o progresso, como um ser vivo, passa por fases de crescimento. maturidade, decadência e morte. Impregnada pela crença nessa idéia, a população dos paises ricos convive com o medo de que todo o seu belo mundo entre em colapso através de crises econômicas, calamidades naturais ou terrorismo. Esse medo é anterior aos atentados de 11 de setembro de 2001. A queda das torres gêmeas apenas tornou esse medo mais tangível. O pessimismo que se abateu sobre a sociedade americana também pode ser percebido na preferência da população por más noticias. A explicação para isso está em Darwin e na teoria da seleção natural. Desde os primórdios, a suspeita e o descontentamento ajudaram o ser humano a sobreviver a todo tipo de ameaça. Contra o habito de reclamar de barriga cheia, Easterbrook propõe um exercício coletivo a seus conterrâneos: que sejam mais gratos pelo que possuem, mais generosos com o próximo e mais otimista com o futuro.
Fonte: revista veja de 14 de abril 2004

A liberdade de escolha com quem se casar, onde morar e qual profissão seguir, mesmo se há 50 anos era muito mais limitada, sem duvida foi uma evolução, contudo, se a busca da felicidade continuar percorrendo os trilhos do maior valor, como em qualquer batalha continuara havendo vitimas, porque à vitória de um sempre corresponde à derrota de outro.
Por outro lado, mesmo aqueles que por uma razão ou outra, são incapazes de enfrentar equilibradamente os resultados favoráveis ou desfavoráveis dos embates, que a relação capital trabalho reserva, estão fadados a confrontar-se com as dificuldades que continuamente tem origem ou na esfera do lar, ou no relacionamento com seus semelhantes, bem como com aqueles que tem origem nos anseios de qualquer natureza quando impossíveis de serem satisfeitos.

Um instituto especializado estima que o nível de stress na população brasileira esteja 50% mais elevado que há 40 anos. Os pesquisadores tiveram dificuldade em encontrar um brasileiro que não tivesse sentido pelo menos uma vez os músculos tensos, a respiração acelerada e a paciência preste a ir para o espaço, sintomas típicos da tensão. ”A sensação de impotência diante de um episódio banal do cotidiano, como enfrentar congestionamentos e não poder fazer nada para mudar a situação, é uma das principais angustias do homem moderno”, disse a Veja o medico sueco Lennart Levi, consultor da Organização Mundial de Saúde.
Com a pressão vindo de todos os lados, é natural que, num momento ou noutro, passe pela cabeça da maioria a ambição de largar tudo isso ai e ir viver uma vida tranqüila em outro lugar. Mudar de vida pode ser uma excelente solução para a tensão, dependendo evidentemente da vida que se leva. Qualquer decisão nesse sentido, porém, deve levar em conta um fato da natureza: ninguém pode evitar completamente situações estressantes. O stress não é doença, e, sim, uma reação instintiva ao perigo real ou imaginário ou a uma situação de desafio. “Uma cascata bioquímica que prepara o corpo para lutar ou fugir”, na definição do manual de técnicas para aliviar o stress elaborado pela escola de medicina de Harvard, um centro de excelência nos Estados Unidos.
O reflexo automático diante do perigo foi implantado em nossos genes para evitar que sejamos feridos ou cosa pior. Sem ele, teria sido impossível a sobrevivência da espécie. Ao contrário do que ocorre com os animais, cujo stress é predominantemente físico, a maior parte do nosso é mental. Visto sob a perspectiva da evolução, o stress psicológico é uma invenção recente. Nos, humanos, raramente somos obrigados a escapar de um predador faminto. Por outro lado, estamos expostos a assaltos, brigas de transito e desastres. Nas três situações há risco de morte O problema é que a vida moderna tem outros momentos estressantes em decorrência de reações emocionais e situações que não existem na natureza, como demissão, divórcio, reprovação na escola, pressão no trabalho e disputa entre colegas. Nessas circunstancias, o corpo libera adrenalina como se estivéssemos em perigo na natureza.

Estima-se que o gatilho de adrenalina do morador de uma grande cidade seja acionado em media meia centena de vezes por dia. Na esmagadora maioria das vezes, como resultado da importância que damos aos incidentes comuns do cotidiano.
Um estudo recente da Universidade da Califórnia, em Berkeley, concluiu que aborrecimentos diários, como pais ou filhos doentes, colegas irritantes, engarrafamento e longos trajetos de ônibus, são às vezes mais estressantes até que eventos grandes e dramáticos, como a perda do emprego, o divórcio ou a morte de um cônjuge. O que se tira deste estudo é uma mensagem otimista. Está certo que não é razoável esperar uma vida sem eventos estressantes. Mas é perfeitamente possível para cada um de nos determinar até certo ponto como essas situações nos afetam no cotidiano. É nesses casos, em que não estão envolvidas questões de vida ou morte, que as técnicas anti-stress funcionam.
Quatro anos atrás, uma promoção tirou do eixo a vida do mineiro Alexandre Prates Pereira. O aumento de responsabilidade na industrias de colchões da família coincidiu com o fim do seu casamento. Ele se dobrou ao peso do stress. Perdeu a motivação, via problemas em tudo. À noite, não dormia e durante o dia não conseguia ficar acordado. “Consultei um psicanalista que me ajudou a perceber que eu fazia dos pequenos incidentes do dia-a-dia uma tempestade em um copo d’água”, diz Pereira. Como recurso para combater a ansiedade, ele voltou a fazer o que mais gostava nas horas livres.

“Comecei a praticar enduro eqüestre, fazer ginástica regularmente e viajar mais a lazer”, diz Pereira. Em alguns meses, notou que a ansiedade estava sob controle.
Se ocorrer com freqüência e por períodos prolongados, o stress torna-se devastador para a saúde e para a qualidade de vida. Cada batida do coração com a pressão sangüínea acima do normal cobra um preço das artérias. O alto nível de glicose é um passo em direção à diabete e a obesidade. A mucosa do intestino fica vulnerável ao aparecimento de ulceras. A inundação de hormônio causa mau humor, ansiedade, irritabilidade. Um deles, o cortisol, permanece muito tempo em circulação e se transforma em toxina que mata neurônios – daí os lapsos de memória associados ao stress crônico.
A produtividade melhora quando estamos sob tensão constante – mas só até certo ponto. “Atingimos o rendimento máximo quando estamos próximos do nosso limite físico e psicológico. Depois que chegamos a este limite, despencamos”, disse a Veja o medico americano Paul Rosch, presidente do Instituto Americano de Stress e autor de vários livros sobre o assunto, entre eles, “Identificando e Reduzindo o Stress na sua vida”. Não há medida cientifica capaz de dizer o nível de pressão que cada um pode suportar antes de desabar num abismo emocional. O limite só pode ser estabelecido individualmente pelo modo com que cada um responde a situações estressantes. Para alguns, fechar negócios no pregão da bolsa de valores é motivo de tensão constante e meio caminho para uma gastrite nervosa. Para outros, é o estimulo necessário para superar obstáculos e crescer na carreira. O medico carioca Samuel Zuinglio de Biasi Cordeiro, de 50 anos, chefe do serviço de emergência do Instituto Nacional de Câncer, convive diariamente com a impotência diante do desespero de doentes incuráveis. Ainda assim, segundo ele, essa não é a principal causa de stress entre os médicos. “Há a competição profissional, a falta de tempo para a família e a dupla jornada de trabalho”, comenta. A maioria dos médicos trabalha em mais de um hospital, no consultório, e ainda fica de prontidão permanente para qualquer emergência. “E no fim do mês, o salário nem sempre é suficiente para pagar todas as contas”, diz Cordeiro.
O americano James Campbell Quick, professor da Universidade do Texas e especialista em controle da pressão no ambiente de trabalho, costuma usar um exemplo da vida real para explicar a diferença entre o stress positivo e negativo. “Quando um engenheiro canaliza toda sua energia para solucionar um problema de produção na fabrica em um curto espaço de tempo, significa que está usando o stress a seu favor”, disse a Veja o especialista americano. “Quando essa tensão não encontra saída ou não leva a solução do problema, esse é o stress negativo”. É o que acontece quando um gerente recebe a incumbência de dobrar as vendas e não tem meios de cumprir o desafio. A conseqüência é um gerente transformado numa pilha de nervos. Ele grita com os subordinados, não consegue dormir a noite e pode até desmaiar de tanto stress. O exemplo corporativo não foi escolhido ao acaso. Serve para lembrar que as características atuais do trabalho contribuem, e muito, para a transformação do stress na praga dos tempos modernos. Ninguém está a salvo, nem as crianças. Segundo o Instituto Americano de Stress, oito em cada dez consultas pediátricas nos Estados Unidos estão relacionadas à tensão. Pesquisas mostram que isso se deve a uma mudança de comportamento. Antigamente, as crianças ficavam mais soltas na rua e descarregavam a tensão em brincadeiras que envolviam exercícios físicos nos quais se exigia menos resultado que nos esportes atuais. Hoje, brinca-se em apartamentos ou playground de condomínios. A pratica esportiva, por sua vez, quase sempre envolve competições e avaliação de desempenho. Entre os idosos também houve dramático aumento nos casos de stress. Antes, as famílias moravam numa mesma casa, com marido, mulher, sogros e avós. Atualmente, é comum que os mais velhos morem sozinhos ou em asilos. Mantendo pouco ou nenhum contato com os familiares.
A estrutura do casamento também mudou bastante neste aspecto nos últimos trinta anos. Antes, o matrimonio era uma força poderosa para combater as tensões do trabalho. Hoje é comum que ambos, marido e mulher, trabalhem fora. Os efeitos disso são antagônicos. Por um lado, aumenta a renda familiar. Por outro, levou para dentro do lar as pressões profissionais provocando desequilíbrios nos papeis domésticos tradicionais. A mulher passou a ter peso igual ao do homem nas decisões domesticas e isso fez aflorar novas tensões.
Tomar providencias para reduzir os riscos de sucumbir às pressões. Não é tão complicado nem exige decisões radicais. Um corpo saudável, por exemplo, ajuda a reagir melhor às situações estressantes. A pratica regular de atividades físicas auxilia no controle da pressão sanguínea e mantem o coração funcionando em ritmo adequado.
Muito do que se sabe sobre o controle do stress é resultado das observações diretas, feitas por especialistas do comportamento de pessoas que parecem naturalmente mais resistentes à pressão. Um estudo baseado na experiência de gente que sobreviveu com invejável serenidade a experiências devastadoras – seqüestro tortura, doença e perda de pessoas queridas – concluiu que resiste melhor ao stress quem tende a manter em foco os assuntos imediatos - o conforto de uma criança doente, por exemplo - e não os aspectos globais – como a expectativa de morte. Se há um ensinamento nessa pesquisa, é o de que o melhor remédio para o stress é não encarar cada obstáculo como se fosse o fim do mundo.
Fonte: revista Veja de 11 de fevereiro 2004

Existem muitas fontes de stress, mas a causa é sempre a mesma: a não aceitação do que não satisfaz, ou a não realização do que se deseja. Em ambos, no entanto, “os doentes” são sempre aqueles que, por subestimar a “força da sua mente”, deixam-se agredir pelos acontecimentos sem esboçar nenhuma reação. Cada indivíduo, de acordo com a educação que recebe, com os valores que a classe social a qual pertence lhe transmite - consolidando alguns aspectos ou eliminando outros em obediência á sua experiência de vida – acaba por determinar, quase que intransigentemente, a “dimensão” privada na qual vive, que é representada pela “atmosfera” gerada pelo que ele acredita, em outras palavras, pelas suas verdades – lembrando que a distância que separa a verdade da mentira é muitíssimo menor daquela que separa o conhecimento da ignorância – verdades estas que terminam por dimensionar para si mesmo tolerância e limites entre o que aceita, o que pode vir a aceitar, e o que jamais aceitará em hipótese alguma. Estas fixações, por serem o reflexo da “imagem mental” gerada pelo fluxo magnético do próprio pensamento, no tempo se fortalecem até se tornarem quase indestrutíveis, a não ser que sejam apagadas ou modificadas por circunstancias ou situações, suficientemente racionais para forçar uma reformulação conceitual. Alguns exemplos:
· A busca da felicidade através do consumismo sem considerar os limites impostos pela realidade
A melhor ilustração para este caso foi desenhada pelo medico carioca Samuel Zuinglio de Biasi Cordeiro na reportagem supra: “a maioria dos médicos trabalha em mais de um hospital, no consultório e ainda fica de prontidão permanente para qualquer emergência. E no fim do mês, o salário nem sempre é suficiente para pagar todas as contas”. Ora, o principio básico para administrar financeiramente uma empresa ou uma família é o mesmo: a demarcação e manutenção do ponto de equilíbrio entre a receita e a despesa. Maximizar a receita nem sempre é salutar, porque acima de um determinado nível os custos produtivos podem aumentar, ou a venda pode deixar de ser rentável. Neste momento são as despesas - contas - que devem ser diminuídas. Uma empresa não vive se for mantida fora do seu ponto de equilíbrio, assim como uma pessoa adoece e morre se não preserva a saúde.
· O que disse o medico americano Paul Rosch, presidente do Instituto Americano de Stress?
A produtividade melhora quando estamos sob tensão constante – mas só até certo ponto. Atingimos o rendimento máximo quando estamos próximos do nosso limite físico e psicológico. Depois que chegamos a este limite, “despencamos”.
· A não aceitação da morte mesmo reconhecendo que é inevitável.
Por um lado temos indivíduos que sendo ou não religiosos, mesmo sabendo desde o seu nascimento que um dia tem que morrer - como morrem diariamente milhões de pessoas independentemente de serem idosas, de meia idade, moças, jovens, crianças ou fetos no útero materno - a temem a ponto de se estressarem só de pensar nela. E do outro, uma multidão de criaturas que aparentemente não a receiam porque, julgando-se em condições de enfrentá-la e vencê-la, a desafiam constantemente através da pratica de esportes radicais, das drogas, do fumo, dos excessos de qualquer natureza ou simplesmente debochando dos cuidados que deveriam adotar para preservar sua saúde, até que, ao perceberem seu erro através de um acidente ou uma grave enfermidade, deflagram dentro de si mesmos um dilúvio de negatividades: culpa, medo, cólera, revolta, e agressividade, para depois despencarem em profunda depressão se não houver melhora.
· Existe uma verdade estóica de Sêneca, que veremos oportunamente, que diz: a vida, para ser bem vivida, tem que ser um constante aprendizado, e este aprendizado inclui a instrução adequada para quando chegar o momento, saber morrer.
· Os desajustados.
São os que vivem estressados vinte e quatro horas por dia. Sabem que devem estar no emprego as oito da manhã, mas não se organizam para este fim. Vão para a cama de madrugada, acordam tarde, fazem seus veículos voarem, mas como diante deles sempre tem um farol vermelho ou alguém que dirige sem a mesma pressa, julgam que são estes que dificultam a sua vida. Ameaçam, vocalizam impropérios e gesticulam até que, irritadíssimos, chegam ao seu destino. Uma vez lá a azucrinação não só continua, mas sobe de intensidade, porque por terem certeza que estão certos, acham que todos os outros estão errados.
· Sem estabelecer prioridades e tempos em relação às atividades que devem ser executadas, ninguém pode ser eficiente, independentemente de ser dona de casa, secretária, gerente, diretor, empresário ou o que for. Assim sendo, a falta de tempo é uma constante. Resultado: vive sob o domínio do stress por não se conseguir fazer o que se deseja.
Definir prioridades significa dar precedência ao que deve ser feito em detrimento do que pode esperar, organizando-se, depois disso, os tempos adequados para haja eficiência na execução das que são escolhidas. A partir desta coordenação – como faz o medico que em cada horário só atende o paciente que agendado – só se executa a tarefa que foi programada sem se envolver com outra. A organização do trabalho, seja ele qual for, trás inúmeras vantagens. Entre estas, menor cansaço mental e físico e maior produtividade. Uma técnica anti-stress.
· A insatisfação crônica.
Começa a se manifestar até nas crianças através do exemplo dos pais. Estes, por não saberem gerenciar inteligentemente as vicissitudes do dia a dia, tornam-se vitimas do peso que é representado pelos “opostos” que não se estruturaram para suportar e, similarmente a uma estrutura que começa a ranger, dar pequenos e intermitentes estalos, quando tem acima dela um peso que não foi projetada para suportar, começam a chiar e bufar mesmo pelas causas mais banais. Por exemplo, se contavam com sol em um determinado fim de semana, seja porque desejavam lavar e secar o tapete da sala ou ir para a praia, e ao invés disso chove, alem de ficarem profundamente irritados, o desgaste emocional é tanto que por um bom tempo continuam imprecando. Nessa “atmosfera”, como em qualquer outra fabricada por eventos semelhantes, se o cachorro late, os canários cantam, ou o papagaio do vizinho fala, a tensão atinge níveis que provoca perigosas reações: chutar o cachorro, bater na gaiola com a vassoura ou gritar para o vizinho para que de jeito no seu papagaio.
O descontrole assim gerado não tem limite, e por não tê-lo – sem pensar nas conseqüências e no provável arrependimento posterior, os mais insignificantes desentendimentos dão origem a desenfreadas discussões que tanto podem acontecer entre o marido e mulher, pais e filhos, no transito, na padaria, no supermercado ou onde estes indivíduos estiverem.
Nesse estado as pessoas passam a exercer papeis não somente ridículos, mas até incabíveis. Porem, estes são somente os efeitos exteriorizados, assim como o é a fumaça de enxofre e o pó que são arremessadas para o alto quando um vulcão começa um novo ciclo de atividade. A pressão que se acumulou internamente, porem, é a que causa os maiores estragos.
No caso de um vulcão a explosão pode destruir a sua estrutura rochosa, mas no homem, tanto pode causar um acidente vascular, como um cancer, ou qualquer outra grave enfermidade.
Quantas vezes ouvimos alguém dizer: “que dia maravilhoso”! Talvez nunca, ou então em ocasiões totalmente atípicas.
Não obstante, literalmente falando, todos os dias são iguais chova ou faça sol. A única coisa que se altera de um dia para o outro é o nosso humor. Sendo assim, se sentimos a necessidade de externar um pensamento (quando não a sentimos estamos sendo tolerantes), qualquer que ele seja, ele sempre reflete a nossa harmonia ou o nosso caos interior. “Que dia maravilhoso” expressa felicidade, paz e plena harmonização com tudo o que está ao nosso redor. “Que horror, este tempo é insuportável”, ao contrario, demonstra o desequilíbrio que naquelas horas é vivido.
Por conseguinte, quando ouvimos alguém emitir um comentário negativo qualquer, estejamos atentos, é um alarme para não nos envolvermos em nenhuma contenda com ele, caso contrario, poderemos estar iniciando um grave desentendimento.
O equilibrado, quando há uma tempestade, mesmo se necessita sair, aguarda que ela se afaste ou toma as precauções cabíveis, mas o estressado, por não avaliar as conseqüências, sai de qualquer jeito.
Contudo, alem do stress, existem muitos outros fatores que abrem a porta para as enfermidades, mas em relação a este argumento vamos ler o que diz a Organização Mundial da Saúde.
Ela alerta que há muitos outros fatores que devem ser administrados com parcimônia, porque existem provas cientificas convincentes que uma alimentação errada, o fumo, o abuso do álcool e uma insuficiente atividade física, constituem fatores de risco para um sem numero de doenças, como, por exemplo, as coronárias, os acidentes cérebro-vasculares, varias formas de câncer, a diabete tipo 2, a hipertensão, a obesidade, a osteoporose, as caries dentais e muitas outras patologias.
O numero de mortes e de anos de vida perdidos, bem como o numero de anos vividos em condições nem sempre aceitáveis - devido a patologias crônicas atribuíveis a estilos de vida errados e danosos à saúde - é enorme no mundo. Em particular, causados pela obesidade que se demonstra em aumento no conjunto da população e nos jovens.
Em relação aos moços e as mulheres, este crescimento é causado também pelo aumento do fumo de tabaco, álcool, alimentação errada e sedentarismo, situação que se acentua ainda mais entre as classes econômicas menos favorecidas.
Complexivamente a OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que os estilos de vida não salutares expliquem quase 50% das doenças nos homens e quase o 25% nas mulheres, nos paises europeus mais desenvolvidos.
Na tabela 1 são demonstrados os percentuais estimados para a sub-região Euro-A da OMS, composta por todos os países da atual União Européia, por alguns dos países que virão a fazer parte e por outros que compartilham com os precedentes as condições do status socio-sanitário.
Determinantes de saúde % do total
Homens Mulheres
Fumo de tabaco............................................................................................17.2 6.2
Consumo de álcool............................................................................... .......14,0 3.3
Sobrepeso.......................................................................................................6.9 8.1
Sub-peso..................................................................... ...................................0,4 0, 4
Baixo consumo de frutas e verduras..............................................................4.3 3.4
Inatividade física...........................................................................................3.3 3.2
Euro-A: Andorra, Áustria, Bélgica, Croácia, República checa, Dinamarca, Finlândia, França, Grã Bretanha, Alemanha, Grécia, Islândia, Irlanda, Israel, Itália, Luxemburgo, Malta, Mônaco, Holanda, Noruega, Portugal, San Martino, Eslovênia, Espanha, Suécia e Suíça.
Na União Européia o fumo provoca cerca de 90% dos tumores do pulmão, 1.8% das broncopneumonias crônicas obstrutivas e o 25% das mortes por doenças cardíacas. O fumo dos genitores e dos convivas constitui a maior fonte de exposição das crianças a risco de saúde. O fumo influencia a fertilidade dos homens e das mulheres, e alem disso é correlato a algumas patologias do feto. Não obstante o fato de que o numero de fumantes na União Européia esteja em declínio desde alguns decênios, esta tendência sofreu uma queda de velocidade no curso dos últimos anos.
Mesmo se já é certo que o consumo moderado de álcool, entre os 10 e 30 gramas ao dia, reduz a mortandade por doenças do sistema circulatório, especialmente as enfermidades coronárias e os acidentes cérebros-vasculares de origem isquêmica, a OMS estima que o álcool causa 3.2% (1.8 milhões) das mortes no mundo.
O consumo excessivo e inapropriado de álcool é perigoso não somente para o individuo em si mesmo, mas também para aqueles que estão ao seu redor. Cerca de 8-9% das doenças na União Européia pode ser atribuído ao consumo de álcool, com frações que vão desde o 11.7% na França, ao 3.5% na Suécia.
Alimentação e nutrição têm um grande efeito na prevenção das doenças e na promoção da saúde, e uma dieta mal balanceada pode ter sérios efeitos sobre a saúde, especialmente no que diz respeito às doenças cardiovasculares isquêmicas, os tumores e a diabete mellito tipo 2. Problema de saúde publica, como as caries dentarias e a osteoporose, são associados à deficiência de alguns micro-nutrientes, enquanto a ingestão calórica excessiva produz sobrepeso e obesidade que por sua vez estão relacionadas a numerosas outras patologias.
A nível mundial a OMS estima que cerca de 58% da diabete mellito, o 21% das enfermidades coronárias e cotas entre os 8 e 42% de certos tipos de câncer, são atribuídos a índices de massa corpórea superiores a 21. Na Euro-A ao sobrepeso é atribuído o 9.6% das mortes masculinas e 11.5% das mortes femininas.
Em particular, um baixo consumo de frutas e verdura é a causa do 19% dos tumores gastro-intestinais, do 31% das doenças isquêmicas e de 11% dos infartos. Globalmente o 4.9% dos mortos (2.7 milhões), são atribuídos a um baixo consumo de frutas e verduras, e na Euro-A este baixo consumo é associado a 7.6% das mortes dos homens e 7.4% das mortes das mulheres.
A atividade física ajuda a controlar o peso, reduz o stress, a depressão e o risco de enfermidades cérebro e cardiovasculares, aumentando o nível da fração HDL do colesterol e reduzindo o nível dos triglicideros, alem da disposição para a trombose. Uma atividade moderada, como marchar por 30-40 minutos diariamente, por 4 ou 5 dias por semana, é associada a uma redução na incidência de morte por doenças cardiovasculares.
A OMS estima que a inatividade física seja a causa de 1.9 milhões de mortes no mundo. O sedentarismo é responsável entre o 10% a 16% dos casos de tumores de seio, do cólon-reto e da diabete mellito tipo 2, e cerca de 22% das enfermidades isquêmicas. Na Euro-A, à inatividade física pode se atribuir a morte de 6% dos homens e 6.7% das mulheres.
O sedentarismo duplica o risco das doenças cardíacas, da diabete mellito tipo 2, da obesidade e mortalidade por causas cardiovasculares e ictus, fazendo aumentar do 30% o risco de hipertensão e câncer.
Segundo a OMS, as patologias ligadas ao estilo de vida sedentário estão entre as primeiras dez causas de morte e inabilidades no mundo.
A maior parte da população mundial (60% - 85%), particularmente as jovens e as mulheres, seja dos paises desenvolvidos como dos que estão em desenvolvimento, não é fisicamente ativa o suficiente, e cerca de 2/3 dos jovens também não são suficientemente ativos. A atividade física diminui significativamente com a idade durante a adolescência.
Se as indicações feitas são as tendências de caráter geral, tem que ser lembrado que alem disso existem significativas diferenciações nos estilos de vida relativos à saúde entre países, regiões, níveis socioeconômicos diferentes e target sociais diversos por idade e sexo, que criam importantes sinergias a associações entre os fatores casuais.
A pobreza constitui uma típica condição de risco para a saúde da população, e entre os países pobres se observa uma clara relação entre o rendimento médio individual e a esperança de vida. Mas esta relação é evidente também nos países desenvolvidos: nos Europeus, onde as principais causas de doença e de morte são as enfermidades não transmissíveis, existe uma forte evidencia que estas moléstias são associadas ao ambiente social e as desigualdades socioeconômicas, e que o melhoramento do contexto social e a redução das diferenças econômicas tornam mais eficazes as iniciativas de saúde publica e de política social.
Por exemplo, as pessoas com maior nível de escolaridade e maior rendimento tendem a fumar menos, enquanto as pessoas de baixo rendimento gastam valores desproporcionados com os cigarros.
À participação na atividade física é influenciada pela escolaridade: somente o 22% das pessoas com diploma ou laureadas não praticam nenhuma atividade física, enquanto a percentual se eleva a valores entre o 29% e o 40% naqueles que só freqüentaram as escolas elementares ou primarias.
As mulheres, os jovens e os anciãos, representam grupos populacionais com problemas específicos. Por exemplo, no que diz respeito ao fumo, a cota de mulheres fumantes tende a aumentar em muitos países, sobretudo no que diz respeito às mulheres jovens.
O sobrepeso e a obesidade são particularmente difundidos entre os jovens de determinadas áreas geográficas, enquanto a inatividade é particularmente acentuada entre as adolescentes de todos os países membros da União Européia.
No que diz respeito aos anciãos, as pesquisas demonstram como é freqüente a falta de cálcio, de vitamina A, de ferro e de proteínas (25% dos idosos analisados) e de vitaminas hidrossolúveis (25% de tiamina, 20% de riboflavina, 15% de vitamina C e 14% de acido fólico), e este risco carêncial aumenta com a idade. Um grupo particularmente em risco é constituído pelos “idosos mais velhos”, nos quais o brusco declínio na ingestão energética é freqüentemente relacionado a desabilidades motoras e doenças degenerativas.
Fonte: relatório elaborado pelo Ministério da Saúde da Itália

Neste momento, uma pergunta deve estar ecoando insistentemente na mente do leitor, a mesma que nas ultimas décadas milhões de pessoas já se formularam. Por que, de repente, tenho que ter tantas preocupações e cuidados para viver? Meus avos não fizeram nada disso e passaram dos 80. Meu avô, além de tudo, fumava feito uma chaminé?
Esta pergunta tem muitas respostas, contudo, quantos avos, em todas as famílias conhecidas, tiveram este resultado de vida? Quantos passaram os últimos anos alienados por terem sido agredidos por enfermidades crônicas ou degenerativas? E depois deles, seus filhos, como viveram ou estão vivendo?
Nos últimos séculos o homem conseguiu encher seu habitat natural com tanto lixo que a própria natureza adoeceu porque não mais consegue reciclá-lo. Conseqüentemente, o ar que respiramos contem monóxido de carbono, a água que bebemos contem cloro, os vegetais e as frutas que compramos contem pesticidas e fertilizantes químicos, a carne que chega a nossa mesa contem os hormônios e antibióticos que os avicultores e pecuarista dão aos animais que criam com a finalidade de evitar que adoeçam e para fazê-los engordar mais rapidamente, os alimentos industrializados que compramos contem gordura saturada, gordura trans, estabilizantes, acidulantes, corantes e, para completar, comemos e bebemos em excesso. Não é só isso, porem. Loucos por mais poluição, continuamos tragando prazerosamente a fumaça de dezenas de cigarros todos os dias e com ela os elementos cancerígenos que contem.
Por não querermos aceitar que as razões do mal-estar que nos acompanha tem um pé fincado em todos estes tópicos, e outro no stress que teimosamente não enfrentamos, procuramos o médico até mesmo sem necessidade convencidos de que, com as drogas que vai nos receitar (ingestão de mais poluentes), teremos de volta a saúde perdida sem necessidade de muito esforço.
Nosso organismo, fruto da mesma natureza que nos rodeia, também está adoecendo porque não consegue mais reciclar o “lixo” que diariamente é obrigado a absorver. Mesmo assim, agradeçamos a ele porque, mesmo sem ajudá-lo, ainda consegue nos dar a saúde que necessitamos por alguns anos.
Men sana in corpore sano, diz o provérbio atribuído ao poeta latino Décimo Júnio – 60 a 128 d.C., poucos sabem, entretanto, que o texto completo, traduzido é: deve-se rezar para ter mente sã em corpo sadio, porque naquela época esta expressão traduzia a convicção dos médicos de que havia uma estreita correlação entre as emoções e a saúde do corpo físico.
No presente, quase 2000 anos depois, por um lado vemos o homem que, por não conseguir induzir seu intelecto a gerenciar seus sentimentos, se deixa esmagar pelo peso da angustia, o que demonstra, inequivocamente, que os médicos do passado, mesmo sem os recursos atuais, eram muito mais sábios do que os de hoje. E do outro, vemos a medicina, como se estivesse reconhecendo seus erros, reassumindo enfaticamente as antigas verdades, ao constatar que no oriente, os idosos, por praticarem exercícios físicos diários e serem assistidos pela medicina naturalista, alem de viverem mais, conseguem manter boa saúde praticamente até o fim de seus dias.
Sob esta nova ótica, a própria Organização Mundial da Saúde reconheceu que para ter “men sana in corpore sano” não basta “meditar e praticar exercícios físicos”, porque a ciência, mesmo se a passos lentos, começou a perceber que a maioria das enfermidades deitam suas raízes em muitos lugares: nos erros da própria ciência, na destruição da natureza, na poluição que jorra das chaminés das fabricas e dos motores dos veículos, no sedentarismo, nos vícios sociais, na má alimentação, em muitos fármacos e infelizmente até nos erros dos próprios médicos.


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